ADEJOS
Lilian Maial
 
Assim como as aves migram nas estações,
O sono vem precoce na noite.
De nada adianta a prece das árvores,
Ou a pressa dos rios,
Ele traz seu véu de penumbra,
Uma tênue cortina de silêncios
E cobre toda memória das coisas.
 
É tempo de repousar senões,
Talvez adormecer as dores,
Sob essa névoa de opacidade.
Não há olhos na escuridão.
Ah! Uma pequenina estrela que fosse!
A suave ilusão de luz!
Mas tudo é fosco nesse sono indesejado.

 
A curva no contorno do minuto,
Aquele segundo sinuoso que nada significa,
E, de pronto, chega o manto frio,
O acalento do desnecessário,
A imobilidade do que não tem fim.
 
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