POR QUE PILAR NÃO CRESCEU?

Às vezes fico a pensar,

Fico aqui a meditar,

Como pode o meu Pilar

Não ter, ao menos, crescido?

Depois de tanta vitória,

De seu passado de glória,

De ter marcado a história,

Não ter se desenvolvido!...

Pesquiso, sim, a verdade,

Por que é que nossa cidade,

Apesar da longa idade,

Não cresceu, não progrediu;

Mas, apenas, se tornou

Um lugar que se emperrou,

Onde o atraso se firmou,

Nesse canto do Brasil!

Pesquisei muitos papéis,

Buscando dados fiéis,

Do tempo dos coronéis,

Que mandavam no redil;

P’ra ver o que aconteceu,

Por que Pilar se encolheu,

Por que Pilar não cresceu,

Por que Pilar regrediu!...

Comprovei a decadência,

O final da existência

Dos engenhos, a falência

Açucareira do lugar;

Com a chegada da usina

Pilar cumpre a triste sina

De viver grande ruína,

Engenhos a se apagar!

Segue, então, seu purgatório,

Pilar perde território

E é tão grande o somatório

De filhas a se emancipar!

Pilar foi se dividindo,

Novas cidades surgindo,

Assim foi se reduzindo

Ao pequenino Pilar!

Pilar ficou pequenino,

Neste solo nordestino,

Mas será que é seu destino

Não crescer, não prosperar?

Ser grande só na história,

Ficar refém da memória,

Em seu passado de glória,

Sem, no presente, avançar?...

Oh meu querido Pilar!

A sua história é sem par!

Mas como desenterrar

Seu grande valor profundo?...

Como quebrar esse muro

Que lhe deixa nesse apuro?

Que lhe prende do futuro,

Soterrando-lhe no mundo?!...

Será que faltou amor?

Mais bravura? mais valor?

Mais cuidado? mais penhor?

Mais força e mais ação?

O que faltou? — Quem me diz,

Pra Pilar ser mais feliz,

Prosperar em meu país?

Faltou determinação?...

O que fazer? — eu pergunto,

Não por falta de assunto,

Mas porque nesse conjunto

Quem sabe resposta é dada

Que nos mostre a solução

Pra ajudar nosso torrão

A brilhar nesta nação

Como joia reencontrada!

Para ser um gran tesouro,

Com todo esplendor de ouro,

Como foi no nascedouro,

A garimpar seu progresso!...

Eu não vejo outra saída

Se não seus filhos, na lida,

Lutar, com fé destemida,

Pra lhe tirar do regresso!

Em vez de culpar alguém

Prefiro pensar que tem

Esperança pro seu bem,

Nova chance a conquistar!

Pra mudar a sua história,

Recuperar sua memória,

Reconquistar a sua glória,

Sua majestade — Pilar!

© Antonio Costta