O último tormento

As cervejas transbordam

e as crianças correm

Como pequenas erupções infinitas de alegria e luz.

Os bebuns perambulam

E me olham com uma espécie

de raiva e carinho decadente

Quando me pedem R$5

pra descolarem carteiras de cigarros

de péssima qualidade.

Lhes dou umas moedas

e umas notas de R$2,

é o que fazem os camaradas.

Isso não matará ninguém.

O barulho incessante do relógio

numa madrugada quente.

Isso mata uma pessoa.

O preço do óleo de soja.

Não ter um prato de arroz

Para oferecer aos filhos.

Mulheres lindas desfilando

em carros de R$250 mil

Sem perceber os olhos

De seres destruídos fisica e psicologicamente ao redor.

Políticos de braços abertos

com as mão sujas de óleo de pastéis

de rua (durante as eleições, claro.)

Isso é o que mata muita gente.

Tantas vozes que não dizem nada

Sussurram, gritam, explodem

E você só pode tapar os ouvidos

e andar no escuro

Ou achar que está entendendo tudo

e cair no chão.

Pergunte o sentido da vida ao horizonte.

Ele te responderá a verdade.

O Bêbado
Enviado por O Bêbado em 03/10/2020
Código do texto: T7078833
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