CIDADE DAS POESIAS
Às cinco horas da matina a alegria se veste de dourado
E fica como bailaria, inquieta, dançando em torno do lago
É a hora em que se abre o dia ensolarado
Sobre os telhados quentes do povoado
Em que, embaladas pelos clarins afáveis do firmamento
Acordam todas as criaturas do universo idealizado.
Às cindo horas da matina a alegria se veste de dourado
Tudo se movimenta... e sem negrume, lá se vão os últimos espectros...
É a hora em que, livre do medo da noite tenebrosa
Levantam os grandes meninos na sacada do amor
E os mais felizes filhos de Deus saem cheios de vontade
Para banhar-se no calmo oceano de paz.
Ás cinco horas da matina... – tão cedo soube – é uma vinda
Um regozijo da beleza em minha alma!
Viera de longe... de um vida alegre de casada
Encontrava-me na bruma, encontrava-me talvez
No aconchego das asas ocultas do vento
Mas ah, ela veio a mim, a alegre cidade das epopéias
Eu a vi assim feliz e inquieta, na cerração!
Oh, eras tu, mulher feliz, tu que eu mantive
Teus seios eram vida, teu âmago era um lugar quente
E em ti a paz reinava, caminhava e sorria para mim!