CIDADE DAS POESIAS

Às cinco horas da matina a alegria se veste de dourado

E fica como bailaria, inquieta, dançando em torno do lago

É a hora em que se abre o dia ensolarado

Sobre os telhados quentes do povoado

Em que, embaladas pelos clarins afáveis do firmamento

Acordam todas as criaturas do universo idealizado.

Às cindo horas da matina a alegria se veste de dourado

Tudo se movimenta... e sem negrume, lá se vão os últimos espectros...

É a hora em que, livre do medo da noite tenebrosa

Levantam os grandes meninos na sacada do amor

E os mais felizes filhos de Deus saem cheios de vontade

Para banhar-se no calmo oceano de paz.

Ás cinco horas da matina... – tão cedo soube – é uma vinda

Um regozijo da beleza em minha alma!

Viera de longe... de um vida alegre de casada

Encontrava-me na bruma, encontrava-me talvez

No aconchego das asas ocultas do vento

Mas ah, ela veio a mim, a alegre cidade das epopéias

Eu a vi assim feliz e inquieta, na cerração!

Oh, eras tu, mulher feliz, tu que eu mantive

Teus seios eram vida, teu âmago era um lugar quente

E em ti a paz reinava, caminhava e sorria para mim!

R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 13/11/2005
Reeditado em 16/11/2005
Código do texto: T71097
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