A casa nossa de cada dia

Quando andávamos com as mãos amarradas/

Com o destino velado entre mortes e correntes/

Cabisbaixos e atônitos de ignorância/

Só acreditávamos na esperança/

Quando nos demos contas de nós/

Enterrando as mãos na terra bruta/

Descobrindo o nosso próprio chão/

Fazendo o pão/

E construindo a própria casa/

Fomos a revolução/

Queríamos novos dias/

E o sol de um novo tempo que nasceu/

A voz ouvida/

A utopia repartida/

A lei para todos/

Na inocência dos idealistas/

Tudo pareceu acontecer/

Mas na cidade/

Há muitos covardes e os vermes são podres/

Entram com a causa bruta pra roubar-nos a alma/

Agora avizinhamo-nos do medo/

Diante do surreal/

Pois cada sonho/

Cada povo desse imenso País/

Emergiu de um caos/

Temos reis, donos e senhores/

Na verdade, tolos, vazios a procurar nas vísceras escuras da miséria, um poder/

Esquálidos de mim e você/

Oportunistas de uma geração/

Que pregavam libertação/

Donos de facções/

A desorganizar rumos sem direção/

Tanto sangue do passado em vão/

Nesse imenso deserto, adolescentes da dor/

Perguntam, quem é o senhor dessa nação/

Que um dia elegia a Democracia como razão/

Democracia com ambição/

Já podeis ver/

Nesse nosso dia a dia/

A liberdade, essa liberdade/

Essa orgia humana, cultural e moral/

Que nos permitimos reger/

Bem como proibir, proibir era censura/

Fazer ou ser, o que essa moda insana acredita/

Somos vítimas nas esquinas da Paulista/

Pra ser realista/

As celebridades corruptas políticas ou artistas saem a toda horda/

Com seus palavrões derramando na boca/

Com suas condutas imorais/

Pra dizer, pelo velho sistema, o tipo de vida que é melhor/

Pra mim e pra você/

Se não for pra ser livres/

Pense no que fazer/

Pra não morrermos sem nada dizer/