DUALISMO

Restam-me ainda alguns momentos

De desatino talvez, talvez de glória,

Em que se embaraçam os fragmentos

Esparsos, confusos, de minha história.

Num torvelinho de descrenças, mudo,

Eu me debato na indecisão de Ser.

Há na minh’alma uma razão, contudo,

Que não me deixa optar por morrer.

Permaneço, então, no eterno abismo

Do Ser ou Não Ser, esse dualismo

Nascido comigo e que ainda perdura.

No dolorido impasse a que me atenho,

Nasce-me, em sonho, a vida que não tenho

E morre-me a alma no sonho que não dura.

mreno
Enviado por mreno em 20/03/2005
Código do texto: T7184