INFÂNCIA

O que fui não sou, nem serei talvez

O muito pouco que sou agora

Porque da vida a linda aurora

Num longo crepúsculo se desfez.

Deixa-me chorar a infância anosa

Porque só me resta chorar.

Quem há de me dar outra rosa

Que não venha nunca murchar ?

Uma rosa plantada à tumba

Que, ao sol da manhã, vai se abrir

E, eterna, jamais sucumba

Ao entardecer triste do porvir.

Quando tudo cessar, eu me cessarei

E a amarga certeza de ser finito

Me traz, agora, esse desejo aflito...

Mas que pena ! Outra rosa eu jamais terei.

mreno
Enviado por mreno em 20/03/2005
Código do texto: T7189