Coração digital
Uma máquina de escrever,
Qualquer máquina digital actual, é o meu coração.
Lá tem o universo inteiro, pisado, esmigalhado
Por todos os dedos, por todos os mortos
Que nos ficam nas mãos. Há as palavras,
Almas, que espirram dos dígitos,
Exumem-se em versos, em predicados
Ensanguentados, depurados num qualquer chavão.
Preciso desta tinta digital concêntrica,
Que se crava
Em poema,
Em click clack geometricamente irregular.
Deste som a vazio, deste temor telúrico
Do Hades do monitor,
Do abstracto da inexistência,
Da chama intensa do nada computador.
Zero e um, um byte ou um bit tanto faz,
Mas que faz sentir…Ah!