O Pão Nosso de Cada Dia

Agora vejo/

Sob o regime dessa desigualdade/

Sob o vértice imoral/

Das mentiras que amordaçam a verdade/

Quão perfídico/

Nos forjaram essa Democracia/

Agora vejo os oportunistas/

Tantas vezes vestidos de idealistas/

Para usurpar o poder/

Para extrair do sangue alheio/

Vantagens pessoais/

O que são essas riquezas injustas/

Que valem mais do que a vida de uma nação/

Que o futuro de uma criança/

Nem reis e nem rainhas/

Continuamos mãos desses grilhões/

Sob o domínio do medo/

Acostumados ao caos/

E a miséria absurda/

Somos devotos pacíficos dessa dor fortuita/

Que come nossas entranhas/

E exaure nossas forças/

Cuspindo nossos filhos pelo chão/

Como podemos nos permitir subjugar a tanta vergonha/

Deixando passar ilesos os versos dessa corrupção assassina/

Como ainda nos deixamos cercear por essa justiça injusta/

Que nos mata dia a dia sem piedade ou perdão/

E nos força a tantas fomes/

Admiro-me das forças ocultas/

Abusam dos recursos, para informar desinformando/

Aproveitam-se da ignorância humana pra cercear direitos humanos/

De uma igualdade que desiguala/

De uma fraternidade que cala/

De uma liberdade/

Que só conhecemos migalhas/

E não adianta relutar/

Em seus seios orgulhosos/

Dizendo que não é bem assim/

E se conformar com o conforto da casa/

Com a facilidade da voz no ar/

Pois quando a maioria precisa da luz/

Quando a maioria precisa da lei/

Quando a maioria precisa da ordem/

Anônimos, esse povo/

Geme oprimido, a palo seco, a dor na alma/

A sensação de nada poder fazer/

Diante das atrocidades sociais vigentes/

Que lesam e atrofiam famílias inteiras/

Que há nesses muitos Brasis/

Que nunca se publica em jornais/

Prerrogativas usuais/

De uma minoria ensandecida de poder/

E dessa prostituição legalizada/

Se o meu filho no meio da noite/

Me pede o que comer/

E não dou, porque não tenho emprego/

Nada tenho a oferecer/

Não vejo a minha porta o direito/

Protegendo esse ser/

Essa é a liberdade que assiste eu e você/