SOLIDÃO
 
Estampo na cara os matizes
com que pintam os infelizes,
consumidos pela chaga
da solidão
               - mal sem nome,
que mata mais que a fome,
e cansa mais que o tédio.
Nesse quadro sem remédio,
quem sou eu?
                Somente um verme,
invisível personagem
que, em sua curta viagem,
pouco viu à sua frente,
nada viu à sua volta.
Se arrastou despercebido,
sem amor, sem um amigo,
e morreu parco de afetos.