Visagem

Meu teto é o tempo

O cobertor é o céu

Minha passarela é o nada

Em mim não há morada

Movediço, o toque é fatal

Nas construções, muros, paredes...

Até no ar estou

Invisível caminho nos olhos indiferentes

Uso perfume barato

À venda em qualquer esquina

Ou desses jogados fora, recolhido do lixo

Minha alma apavora a mesmice

Meu corpo disforme dissolve no teu olhar

Sou feito de areia

Incômodo nos teus sapatos

Tuas mãos me afastam de teus ombros

Outras mãos me jogam em tua última morada

Vermes, irmãos de todas as horas procriarão na tua podridão

Meu teto é o tempo

O tempo não me consome

Não há como fugir

Meu cobertor muda de forma

Minha estrada é o vazio

O olhar do teu umbigo

LÉO VINCEY
Enviado por LÉO VINCEY em 17/10/2021
Código do texto: T7365684
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