Sem título(93)

A metáfora obsessiva o verso asmático

Não respiro

A pausa na pauta da música eleita

Eu gosto

O exercício explícito de exuberantes vocabulários

Dá-me tédio

O sangue sem cor sabendo eu as cores que o sangue não tem

Eu bebo-o

O cisma em vaidades exaltadas na frase à míngua de sentido

Não me excita

O pleonasmo miserável nas carências em despeito

Não me tange

A demanda do poema na vagabundagem das palavras

Subscrevo-a

O poema ofertado e renegado no poeta sepultado

Traz-me o sono

O sucesso às custas das costas do alheio

Faz-me guerreiro

A metástase e a gangrena das almas religiosas

Agnosticam-me

A Mulher que me toma pela génese do amor

Eu exalto-a

O poema com sangue e sémen em enchentes

Eu devoro-o

As palavras minimais e excedentárias

Eu recuso-as

A mulher que ilumina a minha luz

Há-de vencer

Dionísio Dinis