Lua

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Lua que entre as estrelas brilha pálida,

Iluminando os solitários e os amantes;

Cuja nudez pudica, aí do alto agasalha,

O que hoje é lápide, e que fora vida antes.

Lua vingativa, embaida em vaidade,

Que há muito fora pelo Sol magoada,

O atraiçoa noite adentro, sem piedade,

E a desforra só repousa na alvorada.

Lua, ás vezes vejo o humilhado Astro-rei,

Chorando em fogo o teu descaso, desalmada;

Por simples deslize, ancestral talvez, nem sei,

Que te enfureceu, ó altiva dama prateada.

Lua caprichosa, dita dos boêmios e poetas,

Que na essência, a nada e ninguém pertence;

Tu ludibrias as almas tristes e inquietas

E em tua trama o herói nem sempre vence.

Lua, mãe dos literários filhos da noite,

Para quem os lupinos uivam em serenata,

Que, indiferente ao açoitado ou ao açoite,

Deita aqui teus fantasmais raios de prata.

Lua que passeia melancólica e solitária,

Cujos matizes rasgam a lúgubre escuridão;

Sábia e vigilante anciã, que a nada se compara,

Extirpe a angústia deste irrequieto coração.

Nardélio Luz
Enviado por Nardélio Luz em 29/11/2007
Código do texto: T757900
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