Grandes Poemas (2)
QUANDO TENHO TEMORES
(John Keats)
Quando tenho temores de vir a morrer
Sem a criteriosa colheita de tudo
Que a mente criou, em altas pilhas, sem reter
No celeiro de um livro o suado grão maduro
Quando deparo - estrelada a noite... fria -
Com obscuros símbolos de grande romance
E penso que possa vir a não traçar um dia
Seus nublados contornos, na mágica de um lance.
E quando sinto, bela criatura de encontro fugaz,
Que nunca mais vir possa a te fitar
Nem mais deliciar-me na força contumaz
De irrefletido amor! – Então no limiar
Do desconhecido eu fico só, e penso
Até Amor e Fama afundarem no espaço imenso.
WHEN I HAVE FEARS
When I have fears that I may cease to be
Before my pen has glean’d my teeming brain
Before high-pilled books, in charact’ry,
Hold like rich garners the full-rippen grain
When I behold, upon the night’s starr’d face,
Huge cloudy symbols of a high romance,
And think that I may never live to trace
Their shadows, with the magic hand of chance
And when I feel, fair creature of an hour,
That I shall never look upon thee more,
Never have relish in the faery power
Of unreflecting love! – then on the shore
Of the wide world I stand alone, and think
Till Love and Fame to nothingness do sink.
Perfil de John Keats
(trecho extraído do site Ave Palavra http://www.avepalavra.kit.net/poesia.htm)
"Aqui jaz alguém cujo nome foi escrito na água". Esta frase pode ser lida no túmulo do poeta inglês John Keats (1795-1821), em Roma. Em seu leito de morte, ele decidiu que somente essas palavras deveriam ser gravadas em sua lápide, na qual nem consta seu nome.
John Keats nasceu em Finsbury Pavement, perto de Londres. Estudou para tornar-se um cirurgião, mas em 1814 abandonou o ramo médico para dedicar-se à vida literária. Assim, logo se aproximou de artistas conhecidos da época como os poetas Percy Shelley e James Leigh Hunt. Com a ajuda deste último, os primeiros versos de Keats foram publicados em 1816.