GALO DA MADRUGADA

Um pouco do que me faz ser

para ti, são as circunstâncias

da gente, a bem dizer!

Mal chego à prima fragrância

desta fonte de perfumes

lágrimas quentes, suores

a exaurir-se no ralo

da pele, poros de amores.

Qualquer sentir antigo

cansa-me à exaustão

na sedução sem perigo

plágio de maquiagem

imitação de paixão.

Corre na mesma ruga

a mancha da emoção

que a pele enrugada suga

em um palmo de viagem.

Desnutrido, o ciúme

morre em grande emboscada

no tédio da repetição

do eco a quebrar queixumes.

Rasga-me o canto do galo

da madrugada e, ao meu lado,

assusta-me a cama vazia.

Foi só meio sonho sonhado

e o amor que não havia

morreu em prazer de nada

em overdose de poesia.