Odes Claras - A passagem

I

Muitas Luas se passaram

Outras tantas

Farão o mesmo caminho.

Só a voz não será a mesma.

Quanta água terá que correr

Até encher esse oceano

Uma busca pelo espaço,

Esse incógnito espaço.

II

Não sabes se vos direi a verdade

Não sabes

Ou deverás saber então

Não sei

Todas as Luas terão que passar

E o caminho dessas estrelas

É momento, só para quem vai esperar.

III

Inumano sentido.

Terra de muitas flores

Flores da Lua

Nua, nua, totalmente despida

Pode ser sua.

Oh! como pode

IV

Me chamas de infame.

Oras, e porque então ficas

Sim. ficarás pois no fundo,

É, bem lá, naquele imo,

Você me quer.

Não se situas, não e não

Para que situarás

Eu te suporto.

V

Queria ter ao braço

Essa flor, ao braço

Tu me pedes

Eu faço

Ou me negues

Outro traço.

Queria ter agora

Sua mão em meu braço

Qualquer coisa

Meu cansaço

Vou-me embora.

VI

Nossa Lua ficou mais bonita

Os seus beijos também

Seus lábios, doces lábios

Alvos dentes

Suave língua

Nossa Lua ficou mais bonita

E os seus beijos...

VII

Cratera

Ampla floresta

Essa cratera

Doce seiva em festa

Em ar, mar perfeito atesta

Uma escarpa que resta

Linear aresta

A mais bela cratera.

VIII

Outras Luas

Minha ou tua

Outro amor não cultuas

Perpetua

Essa Lua

Nossa e nua

Como a sua

Grande, grande Lua.

IX

Olho este teu sono

Calmo, lindo, calmo

De respiração serena,

Tranqüila

E me envolvo

Nesses braços

Abraço esse corpo quente,

Ardente, um beijo

Hoje estou feliz, feliz, muito feliz.

X

Há muitos Portos que na vida,

Fazem o meu abrigo seguro

Sereno como tuas fases,

Tranqüilo como esta passagem.

Tua música é a minha sede

Tua voz é a minha, cala

Teus beijos fazem deste Porto

A minha ode em Lua clara.

Peixão89

Peixão
Enviado por Peixão em 25/03/2005
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