Ao pé da acacia

Autoria - João de Assis

À tarde...

Olho para o infinito...

As luzes restantes estão a apagar,

lentamente...

E nele, ávido de um amor quase loucura,

Busco, debalde, encontrar você...

A brisa fria que do oeste vem,

Somada a este outono, gelado,

Lembra-me... que você partiu.

Foi um dia amargo...

Eu, ereto, firme junto aquela porta,

Deixei você partir...

Não esbocei nada,

Não tive argumentos...

Mas... você também, não os queria...

As luzes de um porvir risonho...

Haviam te enfeitiçado...

Você se julgou uma deusa, e eu... simples vassalo.

De lá para cá vivo a cismar sozinho,

Esperando em Deus, que um dia,

Ainda que tardiamente...

Você retorne para mim.

Lá se vão os dias de minha juventude,

Que feliz, os vivi junto de você...

Foi um tempo de amor...

Foi um tempo de prazer, infindo.

Lembro-me também do dia,

Em que debaixo daquela acácia, ali,

Juramos amor eterno.

Não foi de todo, em vão...

Pelo menos eu fui sincero...

E ainda hoje,

Mesmo trazendo as marcas do tempo,

Neste rosto marcado pela dor,

Ainda te espero, querida...

Não serei eu, a desmentir o poeta:

"Um grande amor, realmente, vale uma vida..."

Hoje, o sol brilhou o dia inteiro...

E sua luz dourada, realçou a acácia florida...

E eu fiquei por longo tempo debaixo dela...

Pensando em você...

Basta-me, amar você...

Basta-me, pensar em você...

A noite caiu finalmente...

Eu gosto da noite...

Aprendi a gostar da noite.

Talvez, porque a escuridão,

Ao estreitar meu mundo,

Faz-me ter esperanças de um dia

novamente te encontrar...

João de Assis
Enviado por João de Assis em 23/12/2004
Código do texto: T786