é hora...

É hora do diálogo...

...da extrema abolição das palavras

que não podem ser ditas,

das frases que não podem ser consumidas...

É hora de tudo.

Menos de tirar olhos.

Afinal, é com eles que vimos as palavras,

que lemos os intuítos...

É hora de dizer...

... que choco não é lula,

que vaca não é bode,

que leão não é homem.

É hora das linhas oblíquas,

do movimento voluptuoso,

da sonâmbula concavidade,

do silêncio das estrelas,

das putas marginais,

do abismo nocturno,

da nupcial indolência,

do polén do tempo,

das mágoas confinadas,

do gay machão,

da virgem desflorada,

do balanceio da sombra

É hora, meu povo.

...Ou é agora, ou nunca.

...E se a vida são dois dias

e o carnaval três,

há que estar atentos,

perdemos um dia,

tesos, sem alegria!