Essa mesma lâmina...

Essa mesma lâmina

Que corta a minha carne

São passados de uma pele para outra

Como se fosse uma mera fragrância

Desnudando a impaciência

Na falta de um acessório qualquer

Essa mesma lamúria

Que corta o meu coração

São pedidos de clemência

Sobre os pobres ao cadafalso

Pedindo para sorrir agora

No momento em que vão sangrar

Essa mesma solidão

Que corta a minha vida

São pedaços de um amor

Que se desvanece na penumbra

Tirando os meus olhos

De toda a volúpia que festejava

Essa mesma carne

Que corta em outra lamúria

Está sem o perfume daquele Jardim

Passando ao largo da ladeira

Sem olhar para dentro da janela

Essa mesma vida

Que me torna carne

Vê o amor navegar tão distante

Perdendo o brilho do instante

Em súplicas para ser feliz

Num verniz tão diletante

Essa mesma... é amor

Que cerra como lâmina

De cortes tão profundos

Profanando a sensatez

Deturpando na maciez

Outra lágrima que se soltou no ar.

Peixão89

Peixão
Enviado por Peixão em 26/03/2005
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