Buraco Negro

Angélica T. Almstadter

Perdi seus olhos na imensidão,

Como me perdi sem direção.

Há muito que não me sabe, não me sente,

Há muito que nem a cor das minhas letras importa;

Se branco, negro ou um colorido insistente,

Tão pouco se atravesso ou não por essa porta...

Sem palavras e sem afeto;

Já não desfilo nesse cortejo.

Se era pra ser objeto, fugi desse projeto

Com destino ao meu desejo;

Mas há um misto de egoísmo e aberração,

Nas trocas e promessas; um jogo,

Carta aberta e descartável; pura sedução.

Me basto, em meu próprio fogo...

Não há lados, nem braços ou amores;

Só teorias sem prática, tentativas desconcertantes,

Procura desenfreada de odores e sabores.

Nada de entrega; só esperas frustrantes,

Tudo engolido rapidamente,

Aposentado no próximo passo,

E o sonho antes sadio, atraente;

Morre sufocado sem laço, sem abraço...

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 26/03/2005
Código do texto: T7974
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