Oh, Musas!

Tornai em cantos — oh, Musas —

estes versos, que o Tempo, impassível,

vem apagar pouco a pouco.

Fazei-os eternamente dedilhados

em vossas liras,

imortalizai estas vozes

e não permitas que eles cicatrizem

em meu corpo,

em minha vida...

Assim como ao moribundo,

ao qual se nega

a última fala,

assim condenam-me;

dizem que sou louco!

Sim, negam-me

a única coisa que desejo:

o poder deste instante!

Tudo agora é passado!

Oh, Musas!

Fazei-me fiel às palavras e

que elas possam transbordar o mundo...

chorem de meus olhos as lágrimas

e riam de meus lábios teus risos...

Oh, Musas!

Vinde eternizar este canto

que a Ti escrevo e dedico!