Amar-te ou amar-se?
Hoje, me aproximo do meu eu,
sombrio como o tempo que apressa e passa
Amanhã, fujo de ti, espelho
reverso fora do compasso.
Se agora carrego certezas absurdas
sob arroubos coloridos de otimismo;
Depois, revelo-te o som de faca
arranhando garrafa de vidro,
pulsa e repele sem magia.
Quanto mais permaneço neste eu,
mais me afundo nesta madrigueira.
No cipoal da mente, estremeço
e apenas esqueço quem és.
Amar-te ou amar-se: o que resta
neste infinito mundo de “eus”?
O azedume da alma que grita
nas paredes dos meus versos.