ERA ÁGORA
ERA ÁGORA
Habito o vento
Na ágora agora desnuda
Sinos não dobram
O som foi implodido
O templo vazio
Memórias jorram sinais de vida
Ora em extinção
Orar foi às calendas
Namoros viraram lendas
Morreram na contramão
Dos novos tempos de desconcerto
A violência drogada
Circula andante e alienada
A angústia deita nos bancos
Corpos em estranho conflito
Alucinadamente eufóricos
Celebrando a morte
Como as flores maltratadas
Pisoteadas de desilusão
Num clima frio de manhã
Expondo uma náusea existencialista
De presente crise de vida
Um desmonte de humanidade
A cor dos jardins não é mais verde
É desprovida de cor
O que era construção virou ruína
Há uma decomposição
Que cheira no ar
Num desenlace agônico
Do que era para ser espaço
De travessia que virou naufrágio
Desligada da realidade
A margem da vida