ERA ÁGORA

ERA ÁGORA

Habito o vento

Na ágora agora desnuda

Sinos não dobram

O som foi implodido

O templo vazio

Memórias jorram sinais de vida

Ora em extinção

Orar foi às calendas

Namoros viraram lendas

Morreram na contramão

Dos novos tempos de desconcerto

A violência drogada

Circula andante e alienada

A angústia deita nos bancos

Corpos em estranho conflito

Alucinadamente eufóricos

Celebrando a morte

Como as flores maltratadas

Pisoteadas de desilusão

Num clima frio de manhã

Expondo uma náusea existencialista

De presente crise de vida

Um desmonte de humanidade

A cor dos jardins não é mais verde

É desprovida de cor

O que era construção virou ruína

Há uma decomposição

Que cheira no ar

Num desenlace agônico

Do que era para ser espaço

De travessia que virou naufrágio

Desligada da realidade

A margem da vida

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 10/06/2025
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