Vernáculo

Sol de minhas praias

Lua de minhas noites

Noite e dia do meu cosmos

Abalos, trovões e tempestades.

Meu mito

Meu grito lançado ao infinito

No alvorecer da linguagem

Minha divindade, meu oráculo

Aragem.

Sou seu tótem, seu tabu,

Sua fantasia de menina

Seu homem-pai-amante

Seu cavaleiro-andante.

Um poema de sua lavra

A ficção que te inflama

O personagem, a Fama.

Escrava do vernáculo,

Minha boca repete tuas palavras,

Mas ainda quero ser real:

Dividir meu suor com tua língua.

Nelson Oliveira
Enviado por Nelson Oliveira em 10/12/2005
Reeditado em 21/06/2006
Código do texto: T83610