Vernáculo
Sol de minhas praias
Lua de minhas noites
Noite e dia do meu cosmos
Abalos, trovões e tempestades.
Meu mito
Meu grito lançado ao infinito
No alvorecer da linguagem
Minha divindade, meu oráculo
Aragem.
Sou seu tótem, seu tabu,
Sua fantasia de menina
Seu homem-pai-amante
Seu cavaleiro-andante.
Um poema de sua lavra
A ficção que te inflama
O personagem, a Fama.
Escrava do vernáculo,
Minha boca repete tuas palavras,
Mas ainda quero ser real:
Dividir meu suor com tua língua.