PROCURA

PROCURA

António Castel-Branco

Minha mente voga em ondas

incessantes de incertezas

sobre os prados infinitos de verde

já alaranjado pelo Outono

de um viver nem sempre sereno mas sempre pleno,

buscando, no caminho inexistente

que aguarda ser trilhado,

a imagem que demonstre ser o rumo,

nunca traçado mas constantemente alterado,

reflexo sábio das emoções

que conduzem ao equilíbrio do ser.

Minha mente paira,

subitamente amordaçada pela

necessidade do coração se exprimir,

tomando sempre o leme,

e mesmo ziguezagueando entre

os escolhos dos sentidos,

em avanços e recuos nunca explicados,

procurando sempre, no limbo

entre o caminho e o não-caminho,

entre o sentir e o pensar,

a imagem que justifica o existir

como um objectivo de não-existências,

reflectindo, como escora permanente

da loucura e da lucidez...

o verdadeiro eu.

Sintra, 26/01/2008

António CastelBranco
Enviado por António CastelBranco em 05/02/2008
Código do texto: T846573