Ó trevas, desgraça total

Ó trevas, desgraça total

Maldição que mais reflete o mal.

Vive meu sangue como parasita

Transparece minha alma maldita.

Quantos goles de vinho nas águas frias

Quantas noites regadas à melancolias.

Tristeza que aquece minha aurora

Beleza que não será o que é agora.

De nada valem meus mil estandartes

Se morreu no esquecimento minhas artes.

O vinho que me amava e me aquecia

Lembranças daquela que ali morria.

Ó trevas, que és meu lar

Me acomoda, tão bela, me faz pensar.

De nada valeu terem, assim, me julgado

Se não me conheces, nem meu passado.

Por todo o meu corpo, amargo profundo

Angústia de mim, de ti, do mundo.

Passa em mim, nos pensamentos aéreos

A maldição dos mais terríveis mistérios.

Ó trevas, se sabes de mim

Bem sabes que sou sempre assim.

Do sentimento de amar alguém

Se faz o mal quem não fazes o bem.

Se me tiraste o que chamas de amor

Se me enfestaste de angústia e dor.

Porque guiaste meu corpo ao sal

Porque me levaste para o sepulcro do mal?

Ó trevas, desgraça total!