O sal das doces águas

Águas dançam sob meus pés,

Rolam pela minha face.

Águas deságuam ansiosas

Sobre uma estação febril;

Que aflita se enfia sem ecos

Em intermináveis gozos.

Bailo na volúpia das cores

Entre anjos destronados,

Livre dos beijos marcados;

Presa unicamente à sentença

Da rebeldia dos seres e o vadiar

Da pompa em rituais ritmados.

O gosto de sal na língua,

No visgo do corpo suado.

Arrepio de paixão, luxúria e tesão.

Folia sem trava, fúria de liberdade;

Preparada e curtida em trezentos e sessenta dias

De sobriedade e anonimato.

Descansa no véu da tolerância

A explosão de ousadia encoberta,

A negociação com a angústia;

Que no final das contas

Mistura-se à multidão dos ébrios.

Águas que banham os desejos,

Lavam a alma sem pejo,

Ganham o mundo deslizando;

Aquietem meu coração encharcado

De dores e temores cercado.

Águas salgadas insanas

Permitam que doces águas

Cubram e batizem com a paz

As minhas mazelas humanas.

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 09/02/2008
Código do texto: T852410
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