O olho não é apenas mágico...

O olho não é apenas mágico

Na face do medo esconde o trópico

Prático que embola a face

Com medo de descoberta

Enrola o painel, trágico, eletrônico

Afônico não fala, rasga o papel do mundo

Mudo, surdo e idiota, se chama mundo

Tampa a panela sempre vazia com seu escárnio

Falcatruas, nada a ver, nada a declarar

Prova de papel com medo de prova

Eletrônica, escuta a voz que fala

Nem reconhece a voz que fala e mata

Por assinatura a fome que é fome

Na gana da grana que fala mais alto

O olho não vê, escuta a fala

Nem entende, índio que fala

Papel atômico sem energia, imposto

Posto de balança fora-da-lei

Que queima o certo, queima o fumo

Que vira pó de barco mercante

Atlante, Atlântico, cântico excêntrico

Convexo do convés convenção

Carta a população ribeirinha

Com mais uma enchente de voz

Sem a fala certa, que cega de nvo

Ao vivo e nas cores da nova TV

Que imita o cego que não quer ver

Que finge a aula que dá

Sem dar nem receber

E aposenta o trabalho de ontem

Com medo de amanhã nem sair da cama

Tiro no ônibus, segura o ônibus, pega o trem

Porrada na cara, escarra de novo

Tarifa nova de luz sem vela, afivela o cinto

Sinto muito de novo, mais é global idiota

Torta na cara todos os dias, semanas,

No mês que vem sem aumento

Público sem privada na casa

Drogados de novo, sem mercúrio

Não tem técnico no hospital

Vento de ontem sem chuva ácida

Árida de novo no sudeste sem chuva

Laranja que rola na rua

Em cima do ônibus que não passa

Lotado, uma agulha na droga do bife

O boi foi pirando de vez

Água na barriga da criança, carvão e sisal

Tocaia no cair da noite

Cruz de beira de estrada no buraco quente

E ainda via amanhecer...

Peixão89

Peixão
Enviado por Peixão em 29/03/2005
Código do texto: T8540
Classificação de conteúdo: seguro