A Solidão do Poeta

Rebelado, indignado,

Lá vou eu ao relento,

Derramando lágrimas ao vento,

E só ele, meu caro amigo vento,

As enxuga,

Se eu, mas um solitário,

Que na sina ferida da existência,

Apenas o vento possuo.

Não tenho de ninguém afagos,

Apenas olhos fechados para mim,

Pelas calçadas, pelas ruas,

Onde perambulam musas,

E o meu alarde era as possuir.

De nada valem os versos,

Se é a única arma que eu, poeta,

Empunho nas mãos,

Se o mundo desfaz o meu verso,

E ele, inverso de meu verso conclama,

Não é assim que se cura tua solidão.

Está bem claro poeta irmão,

Na pura gíria popular,

Esvazia o teu coração,

Enche teu bolso,

E vai sambar,

Porque o Brasil é o país do samba.