Rosa amarela

Euna Britto de Oliveira

Uma delicada gota

acompanhada de muitas

tamborilou com cuidado a cantiga que as chuvas gostam

de derramar nos telhados dos mosteiros...

Dentro de casa, estávamos nós duas:

Eu e a solidão.

Muito melhor que a confusão!...

Como um padre no confessionário,

da janela, eu escutava o som da chuva

nas folhas fendidas das bananeiras...

Os coqueiros onde o pássaro-preto gosta de fazer ninho

lotavam o terreno!...

Não havia mais nada de novo na terra,

a não ser o indiscutível, indescritível apelo

ao recomeço para acabar

o inacabado...

Ah, de desgosto eu não morro!

Não morro, pois sei de socorro.

Rabisco no ar um SOS

e Deus entende que é uma prece...

Uma medrosa rosa desabrocha

sob os cuidados da jardineira de Lisieux...

Só ver pra crer!

Ou crer pra ver!...

Euna Britto de Oliveira
Enviado por Euna Britto de Oliveira em 11/02/2008
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