Acolhida
Calo-te com o calor da minha boca
Com o abraço solitário da minha ternura;
Nunca houve tanta verdade
Em tão pouco silêncio.
Um vale de sentimentos que transborda
Uma ponte que não encontra o outro lado
E um imenso borbulhar de sons
Dentro desse vazio de pessoas e gestos.
Eu desenfreada angústia,
Sem diques, a correr nos corredores da vida
Engulo séculos de esperas, de retorcidos nãos.
Calo-me enquanto curvo-me aos açoites
Mas abro-me inteira de esperanças doces
Para acolher teu sorriso manchado.
Eu ofereço meu ventre cansado
Para receber teus dias tristes
Que cabem em igual leito de solidão.