Agonia de ser feliz

Domingueira falante essa que acorda o som

Abre espaços enquanto afia as palavras.

Ah! Febre que pulsa insone e altiva

Sua utopia míope lambe as sarjetas,

Viu o anil descendo sem cerimônia

Sobre os telhados e sinos badalando

Acomodou-se exultante nos lábios;

Os cansados e os tenros, a esculpir versos.

Quem daria passos tão lépidos

À esperança de asas tão leves?

Quem deixou salpicado o caminho

Com tantos poemas e frágeis sentimentos,

Senão essa madura agonia de viver?

Será pura sorte ou puro encanto?

No asfalto quente repisado de angústias

Um verde brilho de ternura

Abraça o despertar da vida ingênua.

Ah! Insólita coragem que cresce

Sem medo de ser mais tolerante,

Sem o orgulho de precisar arrefecer a louca,

Mas séria necessidade de tecer dias novos.

Conta dos pequenos prazeres, dos risos de canto

E até dos perdidos desejos na casa do sono.

Breve é a dádiva do viver para não se descobrir

Ou transformar cada momento numa experiência única.

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 26/02/2008
Reeditado em 17/12/2014
Código do texto: T876829
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