Agonia de ser feliz
Domingueira falante essa que acorda o som
Abre espaços enquanto afia as palavras.
Ah! Febre que pulsa insone e altiva
Sua utopia míope lambe as sarjetas,
Viu o anil descendo sem cerimônia
Sobre os telhados e sinos badalando
Acomodou-se exultante nos lábios;
Os cansados e os tenros, a esculpir versos.
Quem daria passos tão lépidos
À esperança de asas tão leves?
Quem deixou salpicado o caminho
Com tantos poemas e frágeis sentimentos,
Senão essa madura agonia de viver?
Será pura sorte ou puro encanto?
No asfalto quente repisado de angústias
Um verde brilho de ternura
Abraça o despertar da vida ingênua.
Ah! Insólita coragem que cresce
Sem medo de ser mais tolerante,
Sem o orgulho de precisar arrefecer a louca,
Mas séria necessidade de tecer dias novos.
Conta dos pequenos prazeres, dos risos de canto
E até dos perdidos desejos na casa do sono.
Breve é a dádiva do viver para não se descobrir
Ou transformar cada momento numa experiência única.