Vigília

Quando não aparece a idéia

Os olhos ficam atentos

Qualquer paisagem, qualquer fotografia.

Os ouvidos saem em busca

De sons

Podendo até ser dissonantes

O tato quer versejar

Tocar a seda

O corpo de uma mulher

Segurar o ar

E a idéia não nasce.

O paladar caça um novo sabor

Busca nos blocos de construção

No teatro de Virgílio

No cálice de vinho

A idéia esgueirando-se

Foge, sem ao menos ter sido sentida

O olfato, o implacável,

Busca na terra molhada

No mato recém cortado

No mar.

A idéia veio numa barquinha

Acompanhada de corais

Harpeada por uma bela sereia

Deijair Miranda
Enviado por Deijair Miranda em 21/12/2005
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