Sonho de Ícaro

Argênteo díptero, cruzas os céus

levando homens, sonhos, decisões.

Voas por ti, ou por todos nós,

ápteros seres que te criamos?

Formosa ave, eu te questiono:

para que voas, por que voas,

se o teu vôo não te leva a nada?

Empresta tuas asas, descansa

dessa tua penosa sina

de levar no teu corpo quem te usa.

Deixa que eles mesmos se permitam

voar com suas próprias asas.

Liberta-os, descansa,

dá a todos nós esse prazer!

02/10/1987

A bordo de um avião entre Brasília e o Recife