Flagra

Flagrei-me suspenso

sobre o nada

qual condor

voando sobre cordilheiras

pensando que o céu

fosse a tua boca

molhada de mel.

Flagrei-me numa tela

num cinema de Glauber

rasgando a tua carne

bebendo do teu gozo

lavando-me no teu suor

Flagrei-me no rito

dançava como Xangô

bailava, dançava

a minha melhor dança

deixava o meu corpo

ir ao teu encontro

Flagrei-me em alguns Lp´s

Devorava um Caetano

Roubava uns versos

Queria que a minha boca

falasse o quanto tu és linda

É o jeito do meu corpo

Flagrei-me Deus

Pensei

Materialize-se

E vi que isso era bom

deveras bom

Ser carne. Ser osso

Ter o seu corpo

Seu sorriso

Tua voz

Flagrei-me no azul

Qual condor

Busquei o ninho

Que fiz no teu seio

E assim vou vivendo

Qual Verger

Clicando cada sorriso

Que me oferece

Como um instante único

Flagro-me todo dia

Querendo-te como a minha mulher.

Dedicado a Maria do Socorro, minha namorada imortal.

Deijair Miranda
Enviado por Deijair Miranda em 01/01/2006
Código do texto: T92949