A vida se entrega aos poucos, diluída, pra não embebedarmos,
fracionada pra ficarmos com saudade do dia seguinte, dos anteontem...
A entrega é invisível como o vento, mas sente quem se permite viver...
Seus filhos, os dias, são como elos frágeis de uma corrente que parece não ter fim.
Passam, envelhecem, partem... Se vão nem sempre em vão.
O tempo que não se segura com mãos, acelera os passos da multidão de pecadores.
Lá se foi mais um vento...
A coragem de aceitá-la começa na alma e estende-se em caminhos abertos pelo sol.
É no amanhecer que se decide por onde começar.
Os que não cedem, a deixam passar, sentirão saudade!
O que se opõem, nem percebem quando deixa seu rastro, não saberão quem é.
Os que se negam e recusam recebê-la, não vivem, sucumbem em almas magras...
A entrega da vida, suavizada em doses homeopáticas, destila gotas de um presente único, que não mais voltará, nem se repetirá quando outro janeiro chegar...
Aos resistentes, nenhum consolo.
E pro pecado da tentação da vida que se espalha incandescente, condenados estão ao inferno da mesmice.
A máxima inverte-se num piscar... Resistir é pecar!

Tiago Alves
Enviado por Tiago Alves em 04/01/2006
Código do texto: T94358