Palidez Mórbida
Angélica T. Almstadter
Vela solta sem rumo,
Sem vento e sem porto.
Náufraga do tempo;
Te vira sem prumo,
Suspensa no eixo torto,
Aprendiz de contratempo.
Fiapo de vida,
Ritmo sem melodia,
Baila atrás da cortina,
Tu que abraça fingida
A taça da eucaristia,
Com choro de menina.
A tua nudez castigada,
Mora na libido da boca.
Quem te possui reconhece;
A vastidão perturbada
Por uma louca razão
Placidamente rouca,
Que te segue aflita;
Sem registro nem regras.
Um ninho de paixão,
Há muito te habita;
No refúgio das feras.