Poma XIII para um dia nove
É preciso que a noite rache de frio
para que a lua se deite
no lençol das montanhas,
e eu veja, enfim, rostos de pedra
e olhos claros como os meus,
à minha janela.
É preciso que a geada beije os azevinhos,
para que a lua se esconda nos ribeiros
que escorrem por detrás de mim.
É preciso, alfim, que eu seja da terra,
e os meus dedos de argila,
para que o vento sopre nos labirintos
do verso que me encerra.
Por enquanto é noite - novamente -
e só as açucenas dormem.