ASPIRINA

De todo desejo incontido

Das contorções de uma língua

Lasciva e inocente

Maldita e antiética

Restou apenas

Tão somente

Uma aspirina

Que comprei

Para por fim

À dor de cabeça

Da minha dor de cabeça

Mas a dor que hoje me consome

Não se desfaz

Com a aspirina restante

Que sobrou

De quatro lindos dias

Os melhores e os piores

De cada instante

Dos segundos eternos

Cravados quais punhais

Em minha mente

De todo o sonho

Na realidade

Ficou apenas

Uma aspirina

Em cima da bancada

Para me lembrar

Do que eu não posso esquecer.

10.Jan.MMVI