Vaga Nau, vaga vida...
Vaga é a vida sem amor,
Nau que singra os tempos
Sem encontrar o porto de destino...
Frágeis são os cordames
Que atam a jangada
Do amor e do desejo,
Tênue é o vento da certeza
Que a mantém em incerto prumo.
Assim, navega alma e coração,
Inseguros e temerosos,
Sobre um mar revolto de solidão.
Em mim, pulsa o ímpeto de voar,
Livre e leve como gaivotas.
A condição intransponível de humanidade,
Retém-me, sem asas, no áspero solo destes páramos.
Em noites de luar, silenciosas e límpidas,
No mar interior do peito,
Ondinas cantam uma doce melodia
Sem origem e sem termo.
Será que ouço o eco distante de tua voz
Fazendo vibrar as estrelas
E o coração saudoso e atento?
A distância que há entre nós
É um universo inteiro.
O horizonte que se descortina ao olhar
É o tempo petrificado da tua ausencia,
É um abismo de temores e desencontros
Aberto por um adeus inesperado.
Antonio Peres Pacheco
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