Vaga Nau, vaga vida...

Vaga é a vida sem amor,

Nau que singra os tempos

Sem encontrar o porto de destino...

Frágeis são os cordames

Que atam a jangada

Do amor e do desejo,

Tênue é o vento da certeza

Que a mantém em incerto prumo.

Assim, navega alma e coração,

Inseguros e temerosos,

Sobre um mar revolto de solidão.

Em mim, pulsa o ímpeto de voar,

Livre e leve como gaivotas.

A condição intransponível de humanidade,

Retém-me, sem asas, no áspero solo destes páramos.

Em noites de luar, silenciosas e límpidas,

No mar interior do peito,

Ondinas cantam uma doce melodia

Sem origem e sem termo.

Será que ouço o eco distante de tua voz

Fazendo vibrar as estrelas

E o coração saudoso e atento?

A distância que há entre nós

É um universo inteiro.

O horizonte que se descortina ao olhar

É o tempo petrificado da tua ausencia,

É um abismo de temores e desencontros

Aberto por um adeus inesperado.

Antonio Peres Pacheco

Todos os direitos reservados ao autor.

Antonio P Pacheco
Enviado por Antonio P Pacheco em 03/05/2008
Código do texto: T973439