O Poeta Pleno

Não sei se valho o que penso, e se o

que penso tem valia, assim, não

me desmereço, este é meu preço:

a dúvida do que tenho e que, em

não tendo, esqueço.

No tempo pronto possuo forma, no

tempo vindouro vou-me embora,

fujo dos olhos em que me vi, mas

que não viram o que vivi.

Destas buscas faço-me inteiro,

nelas sonho, o sonho derradeiro:

ser poeta plenamente,

ser rebelde permanente,

amante e aventureiro.

Seguir o pássaro que voa no nada,

seguir a flor da madrugada,

ver o dia se abrir quando a noite

insiste em prosseguir.

Falar às pessoas sentadas,

amar as pessoas aladas,

alienado e só,

desesperado e só;

abandonado por ser amado,

Só, por ser o que penso.

Carlos Moraes
Enviado por Carlos Moraes em 11/01/2006
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