Vislumbre

Euna Britto de Oliveira

www.euna.com.br

Alimentos inexistentes para as fomes existentes...

Abstinência, forçado jejum.

Um por um, acasalam-se os animais com seus iguais.

Os seres humanos, não.

Para que se acertem os pares,

É preciso acertar as almas.

Nem sempre uma alma encontra a outra alma

Que lhe convém.

Há o visitante que nem vem

Para o compromisso que nem há.

Cor de chuva miúda é a aparência deste agora.

Vislumbra-se, apenas, o que a paisagem oferece

De mais explícito:

O contorno das montanhas,

Os telhados coloniais das casas semeadas na cidade,

A torre da igreja,

A plataforma da estação de trem...

Sentimentos enraizados são abalados e retirados

Pela força do tempo.

O peito é pra ser destocado.

Destaca-se,

Ao longe,

Uma cruz numa torre quadrada.

Enquadram-se no devido artigo, nos devidos incisos da lei,

Os que cometeram crimes contra a vida.

Firmes, há dois mil anos,

Os olhos do Mestre

Focalizam a perdoada.

A vida prossegue, encantada...

Euna Britto de Oliveira
Enviado por Euna Britto de Oliveira em 09/05/2008
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