Se poeta eu fosse também...

Se poeta eu fosse também

Haveria de buscar

Toda essência do bem

Só para lhe entregar

Se tivesse mesmo o dom

Lançaria-me no tempo

Buscando no pensamento

A mais sutil vibração

Que durasse um momento

Como dura à ilusão

Se fosse eu poetiza

Que facilmente improvisa

Um condensado de amor

Buscaria na saudade

O toque de fragilidade

Que à vida dá sabor

Deixaria minha alma

Seduzida pela vida

Encantar também a sua

E na turbulência da calma

A tristeza esquecida

Entretida na performance da lua

Assim nos dois silenciosos

Partilhando o firmamento

Deixando-nos conhecer

Seguiríamos atentos

Driblando qualquer sofrimento

Na ânsia de sobreviver

Os sonhos bem coloridos

Seriam como abrigos

Envolvendo emoções

Uma energia tamanha

Sensação um tanto estranha

Pulsando fortes paixões

Fosse eu poeta também

Haveria de dizer-lhe

Algo que fosse além

Muito alem do previsível

Que tocasse o impossível

Como ao artista convém

Que me fosse permitido

Transmitir todo sentido

Dos enganos e tristezas

De tal sorte que a verdade

Soasse com docilidade

Em meio a rude franqueza

Então amigo querido

Sussurraria no ouvido

Na intenção de o convencer

Que o mistério da vaidade

Da ilusão e da idade

É que provoca o sofrer

No entanto a felicidade

Habita a simplicidade

Que nos provoca um torpor

Nela não há falsidade

Há uma intensa claridade

Que arde na chama do amor

Priscila de Loureiro Coelho
Enviado por Priscila de Loureiro Coelho em 05/04/2005
Código do texto: T9902