VELHICE
VELHICE
No opaco dos velhos olhos
Acumuladas brumas
Grossas cobertas
De invernos superpostos.
A carne fria já não diz da lâmina
De palmas amantíssimas.
O sangue já não jorra
Encachoeirada volúpia -
Em silêncio goteja:
E o gotejar é o contar das horas
E o despetalar de luas
Brancas, íntimas.
Ousasse o sol transpor
Tantas cortinas!
Tênues grânulos
De ampulheta infinda
Solidificam-se no eterno sono
De acumuladas brumas opalinas