eu sou do mato

Eu aqui não fico mais,

longe dos meus irmãos,

da minha amada,

e longe dos meus pais....

Aqui na cidade grande,

a saudade nos mata aos poucos,

muita gente calada,

muita gente stressada,

muito movimento, pouca liberdade,

isso nos deixa louco....

Na cidade grande,

por um bom emprego,

trocamos nossos sonhos, nossas esperanças,

por um bom salário,

Nos vendemos,

trancamos nossa liberdade,

trancamos nossas vontades.

De todos os lados,

tem gente reclamando,

mas não tem ninguém agindo,

ninguém lutando,

para mudar.

Aqui, nesta cidade

o sorriso, todos os sorrisos,

são fingidos, forçados.

O riso escondendo a dor,

a dor de não saber seu valor,

a dor de não saber o valor da liberdade, de verdade.

O dinheiro te dá status,

o dinheiro na frente de todos, e de tudo,

será...

será?? que vale a pena...

chegar a lugar nenhum,

ninguém te amar, mas só amar o dinheiro que tens,

os teus bens....

você não tem valor,

só o teu dinheiro...

quem é você nessa multidão?

mais um?

porque não chora?

porque não fala tudo que estás sentindo?

cuidado,

podes ser tarde quando quiseres mudar,

Cuidado, a morte leva ricos e pobres,

presos e livres...

mas é melhor viver livre e sonhar,

que ter dinheiro e viver preso,

preso a chefes sem coração,

preso a regras sem noção,

preso a alguma corporação...

Livre é poder sair a hora que quiser,

livre é poder dizer sim e não,

liberdade é poder sonhar e falar,

contar e cantar,

na hora que bem quiser,

quando e onde bem entender....

Não canse de lutar pela tua liberdade,

eu,

por mim

saio hoje dessa cidade,

onde a verdade,

tem a cara da falsidade,

onde a amizade,

só existe

em e-mails e internet...

Quero mais é caminhar na poça de lama,

ir pescar no riacho com água pelas canelas,

quero mais é caminhar descalço pela mata,

mergulhar na água gelada do riacho,

e cortar cana com os dentes.

Eu quero trocar meu walkmann

pelo som do passarinho no galho da árvore,

quero trocar meu dvd,

por uma trilha atrás de uma caçada,

dentro da mata.

Eu sou do mato,

preciso do mato para viver,

Agora vou sair dessa cidade,

vou voltar para minha felicidade,

para a mulher que adoro,

para meus irmãos que venero,

vou voltar para o seio da minha familia,

pedir benção aos meus pais,

e comer polenta na chapa do fogão de lenha...

Vou tomar café fazendo barulho,

vou comer feijão de caldo grosso,

e comer pão com banha e sal...

longe disso me sinto mal,

por isso vou voltar para minha casa,

por isso vou voltar para sorrir,

vou voltar para ser feliz.