poema para a noite de número 5

procurava o ninho onde as abelhas recolhiam,

quis fazer-me um operário e construir,

construí um novo mundo, era arquiteto,

repartindo o meu trabalho sem suar-me da labuta,

mas era apenas a utopia,

o papel que se escrevia

escorria de mi'a boca

fragmento das parreiras,

quando as uvas de um natal prometiam-se aos reis magos,

e o fruto da menina

que cumprira a comunhão,

o vestido branco casto

da menina que rezava,

era a cruz que pendurasse

na corrente dos jasmins,

e o desenho que riscava

a redoma das estrelas

compreendia o vaga-lume

vagaroso que a criança

prisionava de entre os dedos,

era julho e mês de frio.

eram nuvens das chuvas de maio,

eram ventos soprando as neblinas,

e quando a fúria dos céus trovejava,

era deus que se ouvia na treva,

e ao moldar de sua argila de sonhos,

quando um sonho queimava as distâncias,

brandiam fogueiras na noite

e a fumaça das preces

dançando ia aos céus.

andré boniatti
Enviado por andré boniatti em 16/07/2006
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