ANTIGAMENTE

Antigamente,
tudo aqui era mais belo.
Tinha um ipê amarelo
carregadinho de flor,
tinha um banquinho
amarrado com cipó,
onde à tarde a minha vó
contava histórias de amor.

E era lindo!
Toda noite na Capela
tinha reza à luz de vela
e a Rosinha estava lá.
Mamãe passava meu terninho já surrado
que eu vestia com cuidado
para não amarrotar.

Ah, que saudade
da rolinha cor de terra
que descia lá da serra
pra brincar no meu quintal,
e do gramado, 
onde hoje é uma praça,
para mim bem mais sem graça
com seus bancos de cristal.

Mas como disse
o doutor lá da cidade:
_ com a tal de eletricidade
o progresso vai chegar!
E o progresso chegou assim, de repente!
E roubou o tempo que a gente
reservava pra se amar!