Meus reflexos

Meus reflexos

Não faz tempo, uma inocente criança

no espelho descobriu seu reflexo,

numa trama urdida pela esperança:

gritou, zombou, fez caretas sem nexo!

Chamou-lhe a juventude à contradança

mancebo imberbe de portar complexo,

vilania perdida na lembrança:

álcool, festas, desilusões e sexo!

Fitava-se agora o homem vaidoso

tão seguro a regar o seu jardim,

jamais percebeu que o joio asqueroso

transformava sua flor em capim:

não sou ainda um inútil idoso,

entretanto já não me vejo em mim!