Escrito na  Alma



Desejo construir um poema que ensine
diluir em meio à multidão
múltiplos fantasmas
portanto, lavarei as mãos em praça púbica
e direi a todos que ao contrario do que pensam
tudo o que escrevi
foi um risco torto e despretensioso
em torno do meu umbigo e do umbigo do outro.

Mas,
pela minha escrita
que tem vocação para o delírio
farei dos versos balas perdidas em todas as direções
e se na tua garganta uma frase ácida
queima e teima em te propor o suicídio
é porque já não tinhas mais salvação
e eu que não tenho nada com isso
que estou aqui apenas para lavar as mãos
sei que um dia
nesses teus olhos vermelhos
quase cegos e murchos
surgirá outra figura
tão inexpressiva e incoerente
Como eu e você nesses versos absurdos.