MEMÓRIAS DE INFÂNCIA – “OS SONS DO SILÊNCIO DO LUAR DE AGOSTO”

No aconchego da noite e ao luar de agosto

Gritavam os sons dum silêncio distante

Sufocando o coaxar das rãs, que com desgosto

Invejavam os morcegos em seu voar rasante

A madrugada vestida com suas amarras

Atava o pensamento num vogar profundo

Acompanhando o cantar garboso das cigarras

Que vibravam gritantes pelas memórias do Mundo.

O luar de agosto, como reza as lendas d’outrora

Veste a noite com um manto de estrelas cintilantes

Perfumando os ares com as pétalas da aurora

Salpicando o madrigal com poemas brilhantes.

Os serões na aldeia eram ledo encanto

Na memória da menina que amava a natureza

O descamisar do milho no entoar dum canto

Quando o milho-rei despontava a sua beleza

No milharal o vento soprava toda a poesia

Em declarações de amor como pétalas de rosa

E os apaixonados se rendem à noitinha silenciosa

Trocando carícias com odores a maresia.

O tempo passa, mas a memória carrega o sentimento.

E ainda hoje recordo o eco dos teus passos

A fonte do teu riso e dos teus abraços

Como a charneca de flores em movimento.

Recordo os versos que te fiz na despedida

E a tua declaração de amor angustiosa e calma

O silêncio do pranto que desnudou a nossa alma

Com a promessa dum Amor p’ra toda a Vida.

By@

Anna D’Castro

Anna DCastro
Enviado por Anna DCastro em 30/11/2011
Reeditado em 07/07/2013
Código do texto: T3364049
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